terça-feira, 24 de outubro de 2017

Principais erros Durante o Processo de Cunhagem.

Principais erros Durante o Processo de Cunhagem em moedas. 

Atualizado 07/01/2020. 

     No Brasil a fabricação das moedas é realizada pela (Casa da Moeda). Onde as moedas passam por etapas de eletrodeposição, sendo orladas, cunhadas, contadas e embaladas. O processo de produção das moedas é realizado através de modelagem virtual tridimensional. Após a modelagem, um punção positivo é produzido por usinagem em CNC em um tarugo de aço especial. Esse punção então é submetido a tratamento térmico, sendo posteriormente prensado nos bicos dos cunhos que recebem a imagem negativa do punção. Os cunhos então são tratados para adquirirem a dureza e resistência para suportar os golpes da prensa na fabricação da moeda.
              
    Na batida um dos cunhos se movimenta, pressionando a moeda simultaneamente entre os dois cunhos, após a batida, na prensa horizontal, o cunho inferior se movimenta pra frente, permitindo que a moeda pronta caia, dando o lugar para a entrada de um novo disco (1). 

      Durante o processo de cunhagem muitos eventos não esperados podem ocorrer, ocasionando um  defeito na fabricação da moeda, os erros podem se originar por ações dos operadores, (usando cunhos de diferentes moedas para a fabricação da mesma moeda, usando dois cunhos iguais, de anverso ou de reverso para a fabricação da mesma moeda, ou trocando os discos de fabricação das moedas), defeitos mecânicos (pouca pressão, inclinação de um cunho em relação ao outro, cunhos mal fixados, etc), deterioração do material de fabricação (cunhos desgastados, entupidos, trincados, rachados ou quebrados) ou ao material selecionado para a fabricação dos discos (podem apresentar problemas, serem recortados em finais de chapas, sofrerem com laminação ou falhas de revestimento).


Ainda é difícil para muitos aceitar uma definição geral sobre moedas Variantes e Anômalas (Erros de cunhagem), muitos grupos e gerações diferentes de "numismatas" (formado principalmente por colecionadores/vendedores),  tem discutido essas diferenças em todo o mundo. 


As moedas anômalas, não devem ser confundidas com moedas variantes (considerando aqui as moedas atuais, produzidas por cunhagem mecânica). No qual as variações observadas nos elemento de impressão, mudanças nas características do disco ou na escolha do tipo de material (metais) utilizado para a fabricação da moeda, é feito de forma intencional.

Para uma moeda ser reconhecida como Variante,  deve atender ao menos um dos requisitos abaixo: 

1- Ter passado pelo "departamento" de design, ter ocorrido alterações no desenho dos elementos que foram impressos no anverso ou reverso e/ou na borda da moeda (desenhos, grafias, serifas, em tamanhos diferentes ou simplesmente desenhos diferenciados), ainda durante a fase de Projeto. 

Aqui entram erros de grafias, (como a 500 e 1000 Réis BBasil), Inserção ou retirada das Sigla dos gravadores nas moedas de bronze alumínio, alterações nos desenhos do anverso mostradas na 5 centavos de 2007 ou 50 centavos de 2008, ou na 25 centavos de 2018).

2- Alterações nas medidas físicas do disco, como massa, espessura ou o diâmetro em que a moeda foi cunhada, ou no acabamento da chapa em que foram retirados os discos.

Podemos notar as moedas do cruzeiro de 1991, com espessura diferente, moedas com diferentes tipos de bordas (serrilhada ou poligonal), moedas espelhadas ou não, etc.. 

3- Alterações no tipo de material (cuproníquel, alumínio, aço inoxidável, cobre, prata, ouro, bronze, etc), ou na quantidade de material usado na composição do disco, normalmente expresso em %.  
Verificamos moedas como a 2000 réis de 1922, com prata .500 e prata .900 , moeda de 50 centavos de 1975 em aço inox ou cuproníquel. 

          Assim qualquer outro efeito que possam produzir moedas "diferentes", provavelmente foram produzidos por uma anomalia e dessa maneira não poderiam ser classificadas como variantes. Moedas anômalas podem ser originadas por erro humano ou mecânico. Nessas moedas são observados desde a pequenos detalhes, até grandes falhas de impressão. Pode estar relacionado ao desalinhamento entre as duas imagens, do Anverso e Reverso, duplicidade nos elementos de impressão em algum ponto da moeda. Falhas nos elementos de impressão da imagem, como datas, assinaturas, letras, etc. Impressões indevidas, sendo originário de algum objeto estranho, como rebarbas, grampos, outras moedas, graxa, ou fiapos, etc. 

          Desconsiderando as falhas humanas (originadas pelos operadores das máquinas), podemos separar as anomalias do processo de cunhagem em 3 classes, e em alguns casos  podemos observar na mesma moeda, uma combinação de erros relacionados a classes diferentes. As classificação dos erros podem ser separadas em:
  
          Erros de impressão (Die error), erros que possam produzir impressões na moeda fora do "padrão" de impressão, como marcas não esperadas gravadas na moeda, falta de elementos na moeda, duplicação dos elementos de impressão, etc.

          Erros de batida (Strike errors), Relacionados ao modo como o cunho bateu na moeda, batidas duplas,(ou triplas), batidas fora do centro, batidas em mais de uma moeda ao mesmo tempo, etc.

     Erros nos Discos (Planchet errors), erros relacionados a defeitos na composição do material utilizado para fabricar a moeda, discos com problemas de revestimento, discos que sofrem laminação, discos confeccionados em fim de chapas, falhas de revestimento, etc.
  
          Abaixo estarei listando os principais erros observadas em moedas anômalas. 

Laminação ( Lamination Flaw): Falhas de Laminação acontecem em discos defeituosos, faltando pedaços, podem ser originados por impurezas na liga do material. Podem aparecer devido ao estresse da batida do cunho no disco defeituoso. Exemplo: Moeda 341 (Part 69).

Fim de Chapa ( Clipped Planchet): Erro onde a moeda é cunhada em um disco com algum pedaço faltando. Para identificar uma moeda autentica, com esse tipo de anomalia é importante detectar se existe algum tipo de vazamento do material durante a prensagem próximo a região que foi cortada, outra dica importante é analise do "efeito Blakesley", onde uma pequena falha é detectada na borda no sentido oposto onde ocorreu o fim da chapa. Exemplo: Moeda 361 (Part 73).

Cunho Trincado (Die Crack):  Defeito ocasionado por estresse de batidas usando o mesmo cunho, onde o cunho possui uma ou mais trincas, erros desse tipo são difíceis de serem identificados em moedas circuladas,  pois podem ser confundidos com algum desgaste ou vandalismo sofrido pela moeda. Exemplo: Moeda 324 (Part 65), Moeda 464 (Part 93).

Cunho Quebrado (Die Break):  Defeito ocasionado por estresse de batidas usando o mesmo cunho, nesse estágio as pequenas trincas se tornaram maiores, soltando pequenos pedaços do cunho. Ocorrem normalmente nas extremidades do cunho. Moedas que foram cunhadas com cunho quebrado são fáceis de serem identificadas pois aparece um relevo na região onde o cunho foi quebrado.

Em inglês verificamos duas separações para essa classe,

Cud Error: Um erro tipo CUD é descrito para cunhos quebrados na sua extremidade. O erro é observado na borda da moeda. Exemplo: Moeda 447 (Part 90).

Die Chips: Um Die Chip é mais direcionado para cunhos quebrados na sua parte interna. Verificamos o alto relevo, identificando onde o cunho foi quebrado fora das bordas da moeda. Exemplo: Moeda 280 (Part 56).

Cunho Rachado (Broken Die): Defeito ocasionado por estresse de batidas usando o mesmo cunho, As moedas que foram cunhadas com um cunho rachado são fáceis de serem identificadas, pois é possível observar o sinal de rachadura iniciando e terminando nas bordas. Exemplo: Moeda 454 (Part 91).

Cunho Entupido (Filled Die):  Principal responsável pela perda de impressões da imagem na moeda, ocorre devido ao desgaste, ou entupimento do cunho em algum dos elementos da imagem, como data, inscrições, desenhos, traços etc,

Cunho Deteriorado - Linhas de Fluxo Radial (Radial Flow Lines):  A medida que a matriz envelhece, o fluxo de metal frio dos discos irá abrir ranhuras na face do cunho em um padrão radial. Observamos muitos desses efeitos em moedas de 10 centavos de 1998 tanto no reversor como no anverso. 

Cunho Marcado (Die Clash): Se acontecer do cunho do Anverso bater sobre o cunho do Reverso sem o disco da moeda, pode ocorrer que alguns elementos em baixo relevo de um dos cunhos sejam impressos no outro. Assim quando observamos uma moeda que foi cunhada com cunho marcado, podemos verificar detalhes do outro cunho em sua forma negativa, (espelhada), ex.: datas, letras,  barras, etc. Após observar vários casos de moedas que demonstram os efeitos de cunhos marcados, percebe-se que alguns dos cunhos de anverso e reverso batem de forma desalinhada (por motivo ainda desconhecido, como se o cunho de martelo desalinhasse em relação ao cunho da bigorna) e depois voltassem ao seu funcionamento normal durante a cunhagem das outras moedas. Isso é muito fácil de observar quando realizamos a sobreposição das duas faces da moeda onde os cunhos foram marcados, principalmente em moedas com traços.  Existem casos extremos de desalinhamentos, que podem ser observados por rotação ou em forma de "offset", nos quais os elementos de design como datas ou traços são verificados em posições diferentes de onde deveriam estar, considerando sua posição no cunho oposto. Esses desalinhamentos extremos podem ser verificados em inglês como  Radically Misaligned Die Clashes (2). Um exemplo extremo de desalinhamento poderia ser a moeda de 10 centavos de 2005 ex.: Moeda 152 (Part 31). Conhecida como "Globo Triplo". onde o desalinhamento, durante a batida dos cunhos mostrou um traço no centro do cunho do reverso. Outro desalinhamento, semelhante a "Globo Triplo" pode ser conferida no cunho marcado da moeda de 10 centavos de 1995, Moeda 421 (Part 85).



Batida Dupla (Double Strike), Cunho com Elementos do Design Duplicados (Doubled Die / Hub Doubled ) e Duplicação de Máquina (Machine Doubling).

Após a leitura dos artigos, (3) e (4) fica entendido, as principais diferenças no que se diz respeito a  duplicação dos elementos gráficos de impressão encontrados nas moedas anômalas. Sendo considerado erros de Batida Dupla, Cunho com Elementos do Design Duplicados e Duplicação de Máquina.

Batida Dupla (Double Strike): Ocorre por falha mecânica,  no qual, ocasiona-se mais de uma batida, (dupla, tripla, etc) na mesma moeda. É um erro bem fácil de ser identificado, os elementos de impressão do cunho fêmea aparecem impressos na moeda conforme o número de batidas.
    
Cunho com Elementos do Design Duplicados (Doubled Die / Hub Doubled ):  identificado também como Cunho Duplicado,  Matriz de Cunho Duplicado ou Duplo Gravado. Esses erros são identificáveis principalmente pelo padrão, se repetem em muitas moedas, os traços duplicados normalmente são espessos, com formato arrendondado. Algumas vezes chegam a se desconectar dos elementos originais. Nesse erro os cunhos fêmeas produzidos (anverso e reverso) batem na moeda apenas uma vez.  Essa anomalia pode ocorrer de duas maneiras.

No primeiro caso os elementos do design são duplicados durante a fabricação do punção positivo (cunho macho, "hub") por erro no design, durante o  estagio do pantografo, vai copiar ou produzir a gravura duplicada num bloco de aço, que será a matriz da moeda de onde sera fabricado o cunho macho, posteriormente desse cunho a imagem é transferida na batida com o cunho negativo ( cunhos fêmea, "die") repassando a imagem duplicada. No segundo caso, a  duplicação dos elementos design, acontece durante a fabricação do cunho fêmea,  e acontece na batida do cunho macho com o cunho fêmea. Muitas vezes a imagem não é transferida totalmente para o cunho fêmea sendo necessário novas rebatidas. Se ocorrer um desalinhamento (rotação) entre os dois cunhos, podem ocorrer sobreposição ou a duplicação nos elementos da imagem.


No Brasil a principal causa de duplicação ocorre no segundo caso, ou seja durante a passagem da imagem do design do cunho macho para o cunho fêmea.

Olhando as referências nos artigos (5) e (6), podemos definir até 8 classificações diferentes para ocorrências de Cunho com Elementos do Design Duplicados.

Classe 1

A duplicação dos elementos do design acontece na produção do cunho fêmea. Existe um movimento de rotação durante as rebatidas do cunho macho (hub) no cunho fêmea (die)  provocando os elementos do design duplicados. Na classe 1, os elementos duplicados, podem ser verificados no sentido horário "ClockWise" (CW), ou anti horário, "counterclockwise" (CCW).

Classe 2

Na classe dois, a duplicação é bem difícil de ser observada, ou entendida, acontece durante as rebatidas do cunho macho (hub) no cunho fêmea (die), é como se existisse uma expansão ou contração em um dos cunhos (fêmea ou macho). Existe  uma duplicação mais externa a borda, ou mais interno em direção ao centro da moeda.

Classe 3

Moedas classificadas na classe três são bastante difíceis de serem encontradas, a duplicação ocorre  na fase da criação do cunho macho (hub), via pantografo ou modelagem virtual. Em algumas moedas americanas, são observados datas com datas modificadas, incluindo 2 algorismos diferentes (com datas diferentes), ou diferentes tamanhos para datas impressas no mesmo cunho. (Algumas moedas com Elementos do Design Duplicados, classificados na classe 5, podem ser consideradas como variantes, pelo menos fora do Brasil).

Classe 4

Na classe 4, a duplicação acontece nas rebatidas do cunho macho (hub) com o cunho fêmea (die), no qual podemos verificar um "offset" da imagem nos elementos duplicados, produzindo um efeito parecido como os casos da classe 1 ou classe 5, porém na classe 4 os elementos duplicados não segue um sentido rotativo e sim um deslocamento cônico,  angulado, o resultado é observado como uma inclinação aos elementos originais.

Classe 5 

Na classe 5 a duplicação ocorre nas rebatidas do cunho macho (hub) no cunho fêmea (die) em forma de pivo.  Existe Rotação em ambos os sentidos, horário(CW) ou Anti-Horário (CCW),(assim como na classe 1) mas os elementos do design duplicados aparecem na moeda em posições inclinadas, se aparecem em na posição de  3h ou 12h, não aparece nas posições de 6h ou 9h , se aparecem 3h e 6h não aparecem 9h ou 12h, e assim por diante...

Classe 6

Uma duplicação classificada com classe 6 é muito difícil de ser entendida, porque quase não se ve separação ou diferença de relevo dos elementos impressos, é como se houvesse uma dilatação do cunho macho (hub) antes desse passar a imagem para no cunho fêmea (hub). Na moeda que se originou de um cunho duplicado Classe 6,  os elementos duplicados aparecem mais encorpados, de espessura maior.

Classe 7 

Moedas originadas de duplicação classe 7, são extremamente difíceis de serem encontradas, pois as duplicações classificadas como classe 7 são originadas de retrabalhos feitos no cunho macho. Com alguma modificação realizada intencionalmente no cunho e desse retrabalho algumas partes dos elementos originais permanecem ainda visíveis, tornando os elementos duplicados. Algumas moedas com essa anomalia, podem ser classificadas como variantes. (Essas correções lembram o retrabalho efetuado no cunho macho da 1000 reis de 1922, passando de BBASIL para BRASIL, no qual ainda conseguimos identificar uma parte do B, nesse caso,  não houve duplicação dos elementos do design no retrabalho efetuado no cunho).

Classe 8 

Duplicações classificadas como classe 8 aparecem em forma de "tilt" como uma pequena rebatida. Acontece também na batida do cunho macho (hub) com o cunho fêmea (die). Algumas partes que foram duplicadas, não aparecem presas aos elementos originais.


Cunho com Elementos do Design Triplicados (Tripled Die): É um caso diferenciado do cunho duplicado, os elementos de design aparecem triplicados na moeda. São anomalias bastante difíceis de serem encontrados nas moedas.


Duplicação de Máquina (Machine Doubling): Ocorre quando um dos cunhos se movimenta durante a batida, fazendo dupla impressão dos elementos do design da moeda. O efeito de duplicação nesse caso é suave, não existe simetria na impressão e não existe separação nos elementos duplicados. Nesse erro os cunhos (anverso e reverso) batem na moeda apenas uma vez.


Cunho Descentralizado: Ocorre quando a batida dos cunhos ficam descentralizada na moeda. Em geral uma sobra de disco "vazio" é observada sobre a moeda. Após revisar o artigo (7), observa-se uma diferença quanto a dimensão do deslocamento do cunho. Em inglês verificamos duas separações para essa classe,

1- (Broadstruck,  Uncentered Broad strike,  Partial collar): A batida possui um leve deslocamento, mas ainda é possível observar todos os elementos do design aparecendo na moeda, tanto no anverso como no reverso. Por mais que um lado da borda da moeda seja "rompido" ou apareça uma borda adicional no sentido oposto ao lado que foi rompido. Esse efeito pode ocorrer no anverso e/ou no reverso.

Para completar, caso a descentralização ocorra em apenas um dos cunhos, nota-se o deslocamento da impressão em apenas em um dos lados da moeda,  do anverso ou do reverso, esse efeito é conhecido como (Misaligned Die). Esse é um efeito bastante curioso porque assim como o cunho marcado em forma de "off set" um dos cunhos se desloca em relação ao outro no momento da batida.

2- (Off-center Strike): Nesse caso podemos notar um grande deslocamento dos cunhos durante a cunhagem. Os elementos do design dos cunhos não ficam completos. E uma grande borda sem impressão pode ser observada. No Brasil esse tipo de batida é popularmente identificado como Boné. Esse efeito envolve os dois lados da moedas, anverso e reverso.

Em vários casos em que ocorre a anomalia de cunho descentralizado, principalmente nos casos de  Off-center Strike,  verifica-se que as bordas das moedas estão lisas, sem serrilha. É muito provável nesses casos que a virola esteja danificada e a moeda acabe escorregando durante a cunhagem.

Uma maneira para se avaliar e classificar o "off centered Strike" é pela medida do deslocamento da batida na moeda avaliada.   Uma forma prática de se obter isso é contabilizar em porcentagem (%)  o deslocamento medido, tomando a distância em que a borda do cunho se encontra deslocada na moeda cunhada. A equação é bem simples e é definida como: Valor do Deslocamento (%) = 100 * Distância deslocada (mm) / Diâmetro da moeda (mm). Por exemplo a moeda de 1 de cent de 1917 tem 19 mm de diâmetro e foi classificada pela PCGS como "Struk 55% off center". Logo a distância deslocada medida em relação ao nível de porcentagem indicada equivale a 55*19/100  = 10,45 mm. Colocando esse valor na equação, encontramos o valor de 55% no qual a moeda foi classificada.


Reverso Invertido, Reverso Horizontal e Reverso Inclinado (Rotated Reverse Error): Essa anomalia ocorre quando a orientação do anverso, se altera com a orientação do reverso. Os cunhos utilizados durante a cunhagem são presos como se estivessem colocados em um "mandril" e podem rotacionar nos dois sentidos. Pra identificar erros de rotação,  primeiro deve se entender em qual orientação a moeda foi cunhada. Quando a moeda é cunhada em sentido medalha, virando-se ela no eixo vertical (EV = eixo Y) o alinhamento da moeda deve ser o mesmo. Em  moedas com cunhagem em sentido moeda, virando se a moeda no eixo horizontal (EH = eixo X) o alinhamento da moeda deve ser o mesmo. (Moedas do plano real seguem orientação tipo moeda, nesse caso o giro deve ser feito sobre o eixo horizontal X, EH). Caso as orientações da moeda analisada estejam invertidas, 180 (±15) graus , podemos classificar a moeda como Rerverso Invertido. Se o anverso estiver desalinhado ± 90 (±15) graus em relação ao reverso, podemos classificar a moeda como Reverso Horizontal. Assim para completar, se o reverso se encontrar na faixa de 30~75 graus, 105~165 graus,195 ~ 255 ou 285~330 em relação ao anverso, a moeda pode ser considerada como Reverso Inclinado. Observe que a tolerância minima considerada para que a moeda tenha o reverso inclinado em relação ao anverso, é quando o angulo de orientação entre os 2 lados for maior ou igual  a ±30 graus.

Batida Fraca (Weak Strike): Essa anomalia acontece quando verificamos leves traços dos elementos gráficos em ambas faces da moeda. Devido a algum problema na pressão da prensa as imagens contidas nos cunhos não são gravadas na moeda.

Cunho Desgastado (Poor Strike):  Devido ao longo período de utilização dos cunhos, ,  os mesmos podem se desgastar,  perdendo os elementos impressos em certas regiões do cunho. O resultado disso é uma grande perda de impressão na região onde o cunho foi batido na moeda.

Disco Liso (Unstruck Blanks): Disco da moeda que não passou pela prensa, ou não foi prensado.

Falha de Revestimento ( Cladding flaw): Falha observada na camada de superfície de moedas produzidas por diferentes metais, pode ter ocorrido durante a eletrodeposição do material que cobriu a moeda. Na moeda que apresenta a falha de revestimento conseguimos observar mais de uma tonalidade, ou o até mesmo observar o metal interno que foi  ou deveria ter sido revestido.

Mula (Mule):  Defeito no qual o operador da máquina acaba usando o cunho de anverso de uma determinada moeda junto com o cunho reverso de outra moeda (ou vise versa). O nome é derivado da mula, onde sua descendência é híbrida de um cavalo e um burro. Assim a mesma analogia é dado a moeda.

Batida com Brockage (Brockage):  Defeito no qual uma moeda entra na virola para ser prensada e sofrendo uma batida do cunho, a moeda acaba presa ao cunho fêmea do martelo (hammer die), quando entra uma segunda moeda entra para ser prensada, a primeira moeda acaba passando parte dos elementos cunhados na nova moeda, formando uma imagem negativa. A moeda que sai , pode conter parte dos elementos impressos de forma correta e parte na forma negativa. Em algumas batidas é possivel apenas identificar o formato da outra moeda.  Este fenômeno pode ser classificado em até 8 categorias diferentes conforme o artigo (8). A moeda que ficou presa acaba passando por inúmeras batidas, tomando a forma de uma tampa de garrafa. Essa moeda é então classificada como originária de um cunho encapado (Die Cap) (9).


Cunho Riscado/Arranhado (Die Scrapes):  Esse é um defeito que ocorre quando o dedo do alimentador, "feeder finger", que carrega as moedas para a virola acaba raspando no cunho que ira receber a moeda. Durante o processo, linhas paralelas bem próximas acabam marcando o cunho de suporte (bigorna), como se estivesse sendo arranhado. Algumas vezes o cunho "martelo" que ira prensar a moeda junto ao cunho de suporte (bigorna) também pode ser arranhado (10). 


Anéis Produzidos por Torno (Lathe Rings):  Esse é um defeito que ocorre no preparo do cunho fêmea durante a fase de lixamento e polimento. O cunho é preparado para receber a imagem do cunho macho. Se o polimento for inadequado ou omitido, algumas linhas ou rastros em forma de anel, produzidos pelo torno permanecem no cunho fêmea e desse acaba sendo transmitido para as moedas durante a cunhagem (11).  

Batida Sobre Detrito (Strike-Through Error):  Defeito no qual algum tipo de detrito de material orgânico ou inorgânico, acaba ficando sobre a moeda durante a batida do cunho. Durante a batida, a imagem cunhada é deformada em torno do material.  No artigo  (12) é possível ver alguns exemplos de detritros como graxa, tecido, fiação, etc. Demonstrando inclusive um exemplo de Batida com Brockage (Brockage) onde uma outra moeda acaba ficando na virola junto com a moeda que esta sendo prensada.


Batida em Disco Errado ou Inapropriado (Wrong Planchet):  Defeito no qual, um disco de outro material, ou um disco de menor tamanho acaba se misturando com os discos que serão usados na cunhagem da moeda, resultando numa moeda cunhada em disco diferente. Segundo o artigo (13) somente discos de tamanho igual ou menor aos discos utilizados podem ser usados durante a cunhagem da moeda. Já que a virola e o tubo de carregamento contendo os discos é ajustado para a moeda que sera cunhada. Isso significa que uma moeda de 10 centavos da primeira família do plano Real, poderia ser cunhada acidentalmente no disco da moeda de 5 centavos (também da primeira família), porém uma moeda de 5 centavos não poderia ser cunhada na moeda de 10 centavos.  Muitas moedas do cruzeiro dos anos de 1970 ~1979 foram cunhadas em discos menores.







17 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Ola amigos li o texto inteiro e achei muito bem detalhado , porém gostaria se possível pois estou pesquisando muito e não tenho encontrado uma explicação convincente em relação a uma moeda que tenho a muitos anos , ou seja ! a sigla dela é diferente das demais cunhadas na época , é possível que essas peças de cunho tenham sido fabricados para testar a moeda , e o metal mesmo com grafia diferente para depois de aprovado fazerem a peça definitiva para cunhar outras com grafias ou desenhos e siglas definitivos ?

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  3. Tenho uma moeda de 1 real com um defeito de cunhagem que não se enquadra nos defeitos descritos. Ela tem um sulco de 5 mm de comprimento por 2 mm de largura, porém no anverso e no reverso e com o mesmo formato em ambos os lados. Como classificar esse defeito?

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  4. Olá. Sou colecionador e gostaria de compartilhar que encontrei esses dias uma moeda anômala de 10 centavos de 2002 na rua. Ela apresenta 6 defeitos, sendo 2 cunhos quebrados e 4 cunhos duplicados! Fiz um vídeo da moeda no YouTube e lá escrevi outras descrições num texto. Link do vídeo abaixo:

    https://m.youtube.com/watch?v=OTI0z8hB4C0

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    1. Muito bom, gosto de minerar, separo muitas peças. Muitas delas exibo aqui no blog. Peças anomolas, permitem entender de certa forma, detalhes sobre o funcionamento das prensas durante a cunhagem.

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  5. Boa tarde. Gostei muito desse texto sobre as anomalias, mas percebi que nao constam as fontes de pesquisa. Gostaria de saber quem é o autor desse texto, pois rescentemente li um texto muito parecido com esse que foi escrito por um amigo.

    Um abraço

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    1. Esse texto é de minha autoria, faço um compilado de vários referências que estão indicadas nos texto, em ordem de numeração.

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  6. Eu tenho uma que não encontro informações em lugar nenhum. É uma moeda de 1 real do ano de 2005 com um rastro sobre a data. Se alguém souber alguma noção de preço ou qualquer coisa por favor fale comigo

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    1. Risco sobre as datas, podem ser indicativos de cunho marcado (quando ocorre rotação em um dos cunhos até a posição em que se encontra os traços no lado oposto), ou cunho riscado, uma das hipóteses é que esses riscos sejam causados pelo "feeder finger". Acontece bastante nas moedas do real, Na minha opinião é que não vale muita coisa alem do valor facial. Porém é um efeito bastante curioso.

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  7. 5 centavos que tem dois dígitos na ponta da asa do pombo é de. 1998

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    1. Esse é um efeito de cunho marcado, bastante comum nas famílias de moedas do plano real.

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  8. Tenho uma moeda de cinquenta centavos 1994 finíssima não tem peso de tão fina que é
    Alguém sabe algo sobre isto ??

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    1. Infelizmente existem muitas moedas falsas de 50 centavos da primeira família do plano real em circulação, da segunda família tbm, e é muito fácil perceber a diferença colocando ao lado de uma verdadeira, muitas são finas, tem uma qualidade ruim nos desenhos, muitas nem são fabricadas em prensas, mas foram moldadas por material de baixa qualidade derretido moldadas, algumas possuem melhor qualidade (acredito que foram as primeiras a serem falsificadas, mas também da pra perceber, pela orla, possuem desenhos diferentes na efígie, você consegue distinguir bem na região do cabelo existe uma distancia entre os cachos...

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  9. Achei uma moeda de 20 centavos de 1951 com o erro de laminação do metal, está com até levantada a laminação, teria algum valor?

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    1. Ola Jota, moedas de bronze alumínio apresentando falha de laminação são bastante comuns, geralmente não vejo um valor muito alto para esse tipo de anomalia..

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